A cidade de São Paulo tem cerca de 900 feiras livres que todos os dias geram centenas de resíduos de alimentos que não são aproveitados. Isso sem falar nas podas de árvores e serviços de jardinagem realizados pelo Poder Público. Para começar a dar uma destinação inteligente e correta para esse tipo de material, há pouco mais de um ano a empresa Inova Gestão de Serviços Urbanos criou, com a Prefeitura da Capital, o projeto Feira Sustentável.
Implantado como um projeto piloto referencial temporário, como explica a gerente de Projetos Especiais da Inova, Eugênia Gaspar, inicialmente eram coletados resíduos de 26 feiras livres da Zona Oeste da Capital que passaram a ser compostados por meio da técnica de leira estática de aeração natural. “O método consiste na permanente circulação do ar pelas laterais que é em poda picada e sai em forma de vapor de água. Esse é um método termofílico no qual temos que manter a temperatura interna em torno de 40ºC e 70ºC”, explica.
Essa temperatura elevada cria um ambiente propício para que fungos, bactérias e leveduras façam a compostagem do material orgânico e eliminem patógenos e metais pesados. Cada dia da semana tem uma leira específica, que é aberta para receber os resíduos das feiras e com a aplicação de um inoculante que contribui com o processo de decomposição. “O alimento é composto, em média, por cerca de 70% a 80% de água. Com o calor, essa água vira vapor ou percolado, e o percolado a gente coleta”, acrescenta Eugênia.
O método completo de compostagem dura 120 dias e tem resultados surpreendentes: 1 tonelada de resíduos se transforma em 200 quilos de composto orgânico. “Isso sem falar que é uma tonelada que você deixa de encaminhar para o aterro sanitário e que também deixa de emitir carbono”, salienta a executiva. O projeto Feira Sustentável recebe, em média, seis toneladas de rejeitos todos os dias, oriundos de 52 feiras, entendendo que no segundo ano do projeto o número de feiras participantes duplicou.
O sucesso do projeto se deve, também, ao trabalho de conscientização do feirante realizado pela Inova. “Nós fizemos, previamente, a conscientização dos feirantes e com os nossos próprios varredores. Temos uma equipe de educação ambiental, a fiscalização da Prefeitura Regional e o apoio da Secretaria do Trabalho”, detalha Eugênia. “Fazemos uma manutenção permanente com a nossa equipe; isso é de suma importância para o gerador, seja ele qual for, para qualquer tipo de reciclagem. O sucesso da reciclagem depende de que a pessoa que gera o resíduo tenha o seu comprometimento e a sua consciência de que precisa separar”, enfatiza.