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A COP28 representou para a indústria brasileira de materiais um ponto de
inflexão: oportunidades competitivas significativas se abrem para o
Brasil com a introdução, na União Europeia, do passaporte verde para
baterias de carros elétricos, com exigências de sustentabilidade e
penalizações que culminam em barreiras tarifárias relacionadas ao
carbono

Nesta corrida do lítio sustentável, o Brasil largou na dianteira, produzindo em larga escala e com baixo custo o insumo industrial pré-químico de “lítio triplo zero”, o mais sustentável do mundo: zero carbono, zero uso de químicos nocivos e zero barragens de rejeito. Na COP28, a equipe da Sigma Lithium teve atuação significativa nas discussões de descarbonização das cadeias de suprimento globais de carros elétricos, emergindo com mais dois atributos: zero uso de água potável e zero uso de energia elétrica “fóssil a carvão”.

A capacidade de produção anual de 37 mil toneladas de lítio carbonato equivalente já coloca a companhia em sexto lugar no ranking mundial — e estão previstos investimentos superiores a R$ 1 bilhão, a partir de 2024, para a empresa triplicar de tamanho e galgar novas posições. “A iniciativa inseriu o Brasil na cadeia de suprimentos de materiais industriais para baterias elétricas com tapete vermelho”, afirma a CEO Ana Cabral. A entrada nessa cadeia mundialmente cobiçada, de veículos elétricos, ocorre com um produto industrializado, verticalmente integrado e com altíssimo valor agregado por conta da sustentabilidade quantificada.

Medidas com introdução de biocombustível e processos verdes renderam à Sigma Lithium saldo de 0,26 tonelada de carbono por tonelada de produto, contra até 15 toneladas de carbono geradas por concorrentes.

A sobra é compensada com crédito de carbono. Produtos químicos nocivos, como ácido sulfúrico, foram substituídos por centrifugação, o mesmo processo empregado para descolar diamantes de rochas. A operação é a primeira do mundo que usa tecnologias como membrana de filtragem e floculação para garantir o empilhamento a seco de 100% dos rejeitos ultrafinos, vendidos como subproduto (lítio de baixo teor). A água empregada passa por uma estação de tratamento antes de entrar na operação, e a energia é 100% renovável—diferentemente do que ocorre ao redor do mundo, onde a indústria emprega combustíveis fósseis como diesel ou carvão.

Além do meio ambiente, a questão social também entrou em pauta. A companhia gerou mil empregos diretos e 13 mil indiretos, na média global do segmento metalúrgico mineral. E lançou, ainda, dois programas de inserção social, com base em modelos do Banco Mundial aplicados com sucesso na Ásia e na África. O primeiro fornece 10 mil linhas de microcrédito para mulheres, com potencial para agregar mais 15 mil postos de trabalho, mesmo que metade das microempreendedoras não tenham sucesso. Outro, um programa de inclusão de agricultura familiar, fornece 2 mil estruturas de irrigação na região do entorno em que atua. Os dois projetos, somados, devem render 21 mil postos de trabalho extras. Segundo Ana, a participação na COP28 mostrou ainda o tamanho da oportunidade para o país com a economia verde. A própria Sigma Lithium é um exemplo. 

No momento em que segmentos como a indústria automobilística se concentram na busca de insumos sustentáveis, principalmente na Europa, o surgimento do lítio verde cai como uma luva, e o produto ganha vantagem comparativa ante concorrentes que correm para descarbonizar linhas de produção e descomissionar barragens construídas ao longo de décadas. “Como o atributo cinco zero é grátis, a vantagem se torna indiretamente competitiva”, avalia a CEO.