VALOR ECONÔMICO – 28/08/2024

A produção de biometano por meio de resíduos de aterros sanitários deverá representar cerca de 25% do faturamento da Orizon Recuperação de Resíduos em três anos, segundo previsão do CEO, Milton Pilão. Desde 2016, a empresa usa o biogás para gerar energia e mira no biometano para aumentar as receitas nos aterros com a implantação de novas plantas.

O executivo espera que a produção de biometano cresça em mais de 300 mil metros cúbicos por dia a cada ano, em um período de até três anos. “Nossa expectativa é de produzir cerca de 1 milhão de metros cúbicos de biometano por dia e dobrar a oferta de biometano no curto prazo”, disse Pilão, durante a 25º Conferência Anual Santander.

“Hoje, a produção ainda é pequena. Nossa primeira planta em escala entra em operação em janeiro de 2025 e vai fazer 110 mil metros cúbicos de biometano por dia. Já a segunda entra em operação no segundo semestre de 2025 e produzirá 180 mil metros cúbicos de biometano por dia”, acrescenta.

O biometano, ou gás natural renovável, é obtido a partir da purificação do biogás, uma mistura de gases que têm como origem o processo de decomposição de resíduos orgânicos em ambientes onde não há troca de ar — a digestão anaeróbica.

Pilão avalia que o Brasil ainda está atrasado no uso de resíduos para geração de energia, em comparação com mercados mais modernos, como EUA e Europa, e que, nestes mercados, os incentivos à produção do energético são mais robustos.

Hoje, a Orizon faz o manejo de 40 milhões de brasileiros e os ecoparques terão condições de produzir uma série de produtos sustentáveis, como fertilizantes, biometano, reciclagem, entre outras coisas, próximos dos centros de geração de resíduos.

“A receita da Orizon não se resume só a destinação [de resíduos] e biometano. Temos a parte do reciclados, que terá uma contribuição forte, tem a parte de fertilizante verde e combustíveis e derivados. São várias frentes, e teremos uma divisão bastante equânime no faturamento da companhia. 1/4 [25%] deve vir do biometano”, diz Pilão.

O mercado consome entre 80 milhões e 100 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia, mas a produção de biometano não passa de 2 milhões de metros cúbicos por dia. O executivo vê no Projeto de Lei 528/2020, conhecido como “Combustível do Futuro”, que estabelece marco legal para o setor de biocombustíveis, um meio para impulsionar o biometano no curto prazo, já que o PL prevê a criação de um mandato de descarbonização com adição de biometano no gás natural comercializado, previsto para começar em 1% em 2026.

Os principais índices de composição do custo da molécula do gás natural são o Brent, o câmbio em dólar e o IGP-M. No caso do biometano, os dois principais índices são o custo de produção e purificação da molécula de biometano e a aplicação da inflação apurada pelo IPCA. Neste comparativo, o biometano ainda tem um custo ligeiramente maior em relação ao gás natural.

O executivo não enxerga que a obrigação do uso do biometano seja a reserva de mercado para o setor e o impacto deve ser residual aos consumidores, com a vantagem do apelo ambiental e menor volatilidade.

*

Fonte: Valor Econômico
https://valor.globo.com/empresas/noticia/2024/08/28/biometano-de-aterros-sanitarios-representara-25percent-do-faturamento-da-orizon-em-tres-anos-diz-ceo.ghtml