VALOR ECONÔMICO – 14/10/2024

Após cinco anos de avanço, a reciclagem de plásticos no Brasil marcou em 2023 sua primeira redução desde 2018. No ano passado, o índice de reciclagem mecânica de plástico pós-consumo no país ficou em 20,6% e fatores como o encarecimento do plástico reciclado e gargalos na produção justificam a redução em relação ao ano anterior.

Os dados são do estudo ‘Monitoramento dos índices de reciclagem mecânica de plásticos pós-consumo no Brasil’, encomendado à MaxiQuim pelo Plano de Incentivo à Cadeia de Plástico (PICPlast).

A recuperação mecânica do plástico, que não exclui perdas durante o processo de reciclagem, ficou em 24,5% em 2023.

De acordo com o levantamento, a produção de plástico reciclado pós-consumo foi de 939 mil toneladas, queda de 15,7% frente ao verificado em 2022. Desde 2018, o crescimento em volume chega a 46%, com queda de 36,7% no faturamento por tonelada produzida nesse intervalo, para R$ 2.998.

“Foi um ano de difícil para os materiais reciclados, uma vez que passamos por um ciclo de mercado em que as matérias-primas petroquímicas estão muito competitivas. Isso faz com que os insumos virgens atraiam mais as empresas de transformação”, diz o diretor de química sustentável e reciclagem da MaxiQuim, Maurício Jaroski.

Conforme o especialista, a metodologia de cálculo do índice de reciclagem leva em consideração a produção de plástico reciclado mecanicamente como numerador e a geração de resíduo plástico como denominador. Os dois fatores contribuíram para diminuição do índice.

Segundo o levantamento, a produção de plástico reciclado diminuiu em todo o país, com destaque para o Sul, com baixa de 20,8%, seguido pelo Sudeste, com queda de 13,3%, e Norte, com retração de 17,8%, na comparação com os números de 2022.

Em 2023, foram consumidos 1,4 milhão de toneladas de resíduos plásticos na reciclagem, sendo que 984 mil toneladas são oriundas de embalagens. Do total de resíduos consumidos, 47% dizem respeito às embalagens rígidas e 21%, às flexíveis.

Do plástico que foi reciclado, 30% chegaram às recicladoras por meio dos sucateiros, 19% pelos beneficiadores, 13% por empresas de gestão de resíduos e 11% pelas cooperativas.

A maturação desse mercado é observada desde o levantamento de 2022. Jaroski afirma que, com a consolidação e a profissionalização da reciclagem mecânica de plástico, uma evidência de maturidade do negócio, tornaram o setor mais suscetível à volatilidade dos ciclos econômicos e industriais.

“Estamos num caminho ascendente e o Brasil tem muito para crescer. 2023 pode ter sido um ano de rentabilidade baixa, mas desde 2018 o mercado cresceu”, argumenta Jaroski.

Estabelecer um mercado de resina reciclada, por meio de cotas de uso de plástico reciclado, o barateamento do plástico pós-consumo e a aplicação em produtos de maior valor agregado podem levar à retomada do crescimento do índice de reciclagem mecânica de plásticos, em sua avaliação.

Desde 2018, houve um aumento de 23,9% na produção de resina pós-consumo. Das mais de 939 mil toneladas de resinas recicladas no ano passado, 41% foram de PET, seguidas por polietileno de alta densidade (21%), polipropileno (17%) e polietileno de baixa densidade (14%).

Essas resinas recicladas se transformaram em produtos destinados às indústrias de alimentos e bebidas (16%), construção civil e infraestrutura (13%), higiene pessoal, cosméticos e limpeza doméstica (12%), utilidades domésticas (8%) e automotiva (7%), entre outros.

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Fonte: Valor Econômico
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