Nesta publicação, é apresentada a conclusão do projeto de combate às fontes de poluição marinha por resíduos sólidos, realizado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), com recursos financeiros da Agência de Proteção Ambiental da Suécia (Sepa), para a Secretaria Municipal de Meio Ambiente da Prefeitura de Santos (Semam).
Durante pouco mais de 12 meses, foram realizadas investigações, coletas, leitura e interpretação de dados, visitas técnicas, apresentações, deslocamentos e intenso diálogo entre diferentes esferas da sociedade. Desse trabalho resultaram sete estudos, com consistente respaldo científico, realizados por especialistas locais e internacionais experientes, gestores públicos engajados e uma equipe incansável.
As conquistas do projeto, no entanto, estão apenas começando e vêm acompanhadas de imensa responsabilidade com o combate ao lixo no mar. A abordagem trazida pelo projeto, da prevenção e do olhar dedicado a solucionar o problema “a montante”, por meio do aprimoramento da gestão local de resíduos sólidos urbanos, é inédita e precisa ser ampliada. Os governos municipais devem implantar políticas públicas de prevenção que promovam adequada estrutura de saneamento básico e gestão de resíduos sólidos. As ações da sociedade civil, por meio de movimentos de limpeza de praias, córregos, margens de rios e manguezais, são necessárias e contêm grande potencial de comunicação e engajamento, mas o real impacto não está em limpar, e sim em prevenir.
Nas próximas páginas, é caracterizada a gestão de resíduos sólidos realizada pela Prefeitura de Santos, são identificados os pontos pelos quais ocorre o “escape” do lixo para os corpos de água e os tipos de resíduo descartados de forma inadequada, é sugerida a construção de um plano de ações real e sob liderança do poder público, e são expostas as estratégias de comunicação e engajamento para sua implementação e o monitoramento dos resultados obtidos pelas intervenções. O trajeto percorrido em Santos pode ser seguido por outros municípios. Alguns governos municipais, de norte a sul do Brasil, já iniciaram essa jornada com o apoio da equipe do projeto e, em um futuro próximo, darão continuidade à história que começou a ser contada nesta publicação.
Os caminhos que levam o lixo ao mar devem ser interrompidos imediatamente, e é necessário valorizar a vida em todas as suas formas. Cenas como as da fauna marinha sufocando em plástico precisam ficar no passado. O lixo não pertence ao mar. Deve ser promovida a destinação correta dos materiais, a fim de gerar empregos, renda e preservação dos recursos naturais, assim como o consumo consciente.
Que esta publicação abra um novo caminho para o mar, sem lixo.