O GLOBO – 29/10/2024
A cabeça dessa boneca no fundo do mar na Baía da Ilha Grande, em Angra dos Reis (RJ), parece uma cena de ficção macabra, mas é real e mostra a invasão dos resíduos plásticos no oceano. A discussão não poderia ser mais atual: este mês foi lançado o relatório “Fragmentos da destruição: impactos do plástico na biodiversidade marinha brasileira”, uma publicação da Oceana, maior organização de preservação marinha do mundo, em parceria com diversos cientistas.
O Brasil consome 500 bilhões de itens descartáveis por ano, sendo que 60,3 bilhões desses itens são consumidos apenas no município do Rio de Janeiro – o que significa 12% do consumo total. Segundo o estudo “Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos: Uma análise Diagnóstica do Município do Rio de Janeiro”, no Rio são produzidos 8.801,76 toneladas de resíduos sólidos por dia, representando 366 toneladas por hora, ou cerca de 6 toneladas por minuto.
Desse total, 40% correspondem a material reciclável, 52% são matéria orgânica e 8% rejeitos. Por ano, são geradas 1.285.056 toneladas de material reciclável, entre papel/papelão (16,8%), plástico (17,8%), vidro (3,3%) e metal (2,9%), sendo que apenas 66.430 toneladas (2,07% do total) são efetivamente enviadas para a coleta seletiva.
O alto consumo de itens plásticos de uso único somado a uma gestão de resíduos ineficiente resulta, certamente, em poluição plástica e impactos nos oceanos, para onde grande parte desse lixo acaba chegando.
O país que irá sediar a COP do Clima em 2025, no Pará, precisa, urgentemente, limpar sua imagem diante do mundo. O Projeto de Lei 2524/2022, que tramita no Senado Federal, propõe uma economia circular para o plástico e a redução da produção de itens descartáveis e problemáticos, e deve ser uma das iniciativas implementadas o quanto antes.
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